Microconto #58

“Quando quiser eu paro.” Essa era a frase escrita na lápide de mais uma vítima do cigarro.

Microconto #57

A inocência da pequena Maise se desfez junto com os laços afetivos que uniam seus pais.

Microconto #56

O filho sabia que o sermão do pai era pura hipocrisia, mesmo não conhecendo muito bem o significado dessa palavra.

Microconto #55

A bala perfurou apenas um coração, mas deixou cicatrizes em vários outros.

Microconto #54

No farol, a esperança de uma vida digna vai embora sempre que a luz verde se acende.

Microconto #53

Alfredo estava orgulhoso: sua mulher tinha um homem belo, de olhos claros e músculos avantajados, para satisfazê-la na cama. Uma pena que não era ele.

Diálogos - Lutador

- Papai, eu nunca mais vou comer.
- Que bobagem minha filha, você precisa se alimentar pra ficar forte como o papai.
- Mas se você tem que se machucar para me dar comida, eu prefiro morrer de fome.

Microconto #52

Às vezes o Mal de Parkinson fazia com que se sentisse divino, porque, de certa maneira, ele também escrevia certo por linhas tortas.

Microconto #51

Nem a água ardente descia rasgando como as palavras que ele teve que engolir.

Delírios #15

Para quem ainda não chegou aos 30, a nostalgia deveria ser pecado capital.

Microconto #50

Fechou os olhos, imaginando que aquele era o momento da sua vida que o faria aceitar o eterno retorno.

Microconto #49

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” foi a última frase da noite. Fechou o livro, olhou para a esposa ao seu lado, resmungou algo inaudível e dormiu.

Maldita raposa.

Microconto #48

Escrevo para libertar minha angústia. Escrevo para libertar você de mim.

Microconto #47

Não é nada disso que você está pensando. Essa loira pelada na minha cama é só uma atriz contratada. 1° de abril, amor!

Microconto #46

Nem o olhar inocente, nem o cabelo descompromissado, nem os seios à procura de ar livre. Nada na moça lhe chamava tanta atenção quanto o grão de feijão caprichosamente instalado entre seus dentes da frente.

Microconto #45

Ficou assistindo ela dormir por um tempo. Os traços do rosto dela ficavam ainda mais delicados à meia luz, e isso o hipnotizava. Sentiu que poderia ficar horas ali, observando o quanto ela era bela. Mas preferiu não arriscar, era cedo demais para demonstrar seu amor.

Microconto #44

Um tal de Nelson lhe disse que as mulheres gostavam mesmo era de uns bons tapas. Na prática não foi bem assim.

Microconto #43

A fisionomia séria do analista, aparentemente concentrado em algo importante na tela do computador, enganava a todos que passavam pelo corredor da repartição. Naquele momento, a única análise que fazia era a das modelos do site pornô.

Microconto #42

Foi preso. Culpa do estômago, que falou mais alto que a consciência.

Delírios #14

A morte tem um apreço especial por aqueles que se fingem desavisados da sua presença.

Microconto #41

Neste momento ela está de mudança. Da minha cabeça pro meu coração.

Microconto #40

Achou estranho quando o seu melhor amigo chamou seu filho de Júnior.